HÁ 129 ANOS QUE A "DOENÇA DO BEIJO" AFETA OS MAIS JOVENS

Por Cascais24

12.02.2016
Caraterizada pela ausência de sintomas, a doença do beijo afeta maioritariamente jovens com idades entre os 15 e os 25 anos. Estima-se que 90 por cento das pessoas já esteve em contacto com o vírus da doença em algum momento da vida.
 
“A mononucleose atinge o seu pico de incidência entre os 15 e os 25 anos, sendo muito rara a manifestação da doença a partir dos 30 anos. Cerca de 90 por cento dos adultos apresentam evidência serológica de terem tido a infeção no passado, sem sintomas associados”, explica Ana Teresa Boquinhas, especialista em Medicina Interna do Hospital de Cascais.
 
Embora não seja comum a manifestação de quaisquer sintomas, quando estes surgem podem confundir-se com os de uma gripe como, por exemplo, febre, fadiga, aumento dos gânglios linfáticos, dor de garganta, náuseas e mialgias.
 
Ana Teresa Boquinhas acrescenta ainda que “ocasionalmente, o envolvimento do fígado e do baço pode gerar sintomas menos frequentes como dor abdominal e icterícia e algumas complicações do sistema nervoso central poderão ocorrer, mas de forma muito rara”.
 
Para evitar o contágio, a médica aconselha: “Não devem ser partilhados os copos e os talheres, por exemplo, uma vez que a transmissão do vírus Epstein-Barr é feita através do contacto com secreções corporais, nomeadamente a saliva”.
 
Na presença do vírus, uma análise ao sangue revela um aumento dos linfócitos e das enzimas hepáticas, sendo posteriormente necessário confirmar o diagnóstico da doença através de um monoteste, um exame que permite mostrar se ocorreu uma infeção recentemente.
 
O tratamento da mononucleose é realizado por meio de antipiréticos e analgésicos, associados a repouso, sendo que a resolução da doença é espontânea entre duas a três semanas.
 
A mononucleose infeciosa é geralmente benigna e, sem tratamento dirigido, não evolui para uma doença grave.

HISTÓRIA
A doença do beijo foi identificada como um processo infeccioso por Nil Filatov em 1887 e de maneira independente por Emil Pfeiffer em 1889. Daí ser conhecida como Doença de Pfeiffer ou Doença de Filatov. Anteriormente, a mononucleose havia sido identificada como uma síndrome clinica que consistia em febre, faringite e adenopatia. Aparte o nome coloquial de “Enfermidade do Beijo” (devido a sua transmissão pela saliva), também é conhecida por “Mono” na América do Norte e febre glandular ou febre monicítica em outros países.

Em 1920, a mononucleose infecciosa, foi reconhecida e descrita pela primeira vez em seis pacientes por E.Larey e H.Douglas Sprunt no Boletim do Hospital John Hopkins sob o título: “Leucocitose mononuclear em reação a uma infecção aguda (mononucleose infecciosa)”. Neste momento, o vírus Epstein-Barr ainda não havia sido descoberto e isolado.

A associação entre o vírus de Epstein-Barr e a enfermidade do beijo foi reconhecida em 1968 por Diehl, Henle e Kohn.

 
 

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